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segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Poemas vermelhos do caderno vermelho

Em algum momento em 2016, durante a aula teórica da Daniel Araújo

l'enfer c'est moi

quando eu estou desgostoso - ou
como gosto de chamar:
mal do cu -
ninguém escapa ao desprezo afiado
da minha amargura
   torno-me o pior inferno do outro
inferno insuspeito

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Tô com uns vermes no ventre
que chique. vieram de
Marraquexe

[tajine biológico]
a giárdia muda seu status para sério
e agora me cago pelos cantos

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o b n u b i l a d o
parece bilau
algo relativo a tapa-sexo
ou a surra de piroca

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nome de mãe / lombriga fofa

lombriga fofa
a menina da vizinha da minha tia ia brincar lá em casa.
Um dia, mãe deu remédio pra todo mundo
não gostava de gente mais pobre que ela
Nas fezes dessa menina saiu uma lombriga
VIVA, com dois olhinhos pretos curiosos
e uma boquinha que abria e fechava.
uma graça.

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Queria ter tanta pena quanto esta ardósia encardida

preto preto
bege preto
branco sujo
cinza
rejunte

sem penas, e sim minúsculos pêlos
que se transformarão em poeira

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imprimiu em mim uma dor
em 3D
dddor